Crime e loucura: discursos, práticas e exclusão social no recife na segunda metade de século XIX.

Autores

  • Artur Gilberto Garcéa de Lacerda Rocha Faculdade de Ciências Humanas - ESUDA

Resumo

A Casa de Detenção do Recife durante a segunda metade do século XIX era o local onde os presos de diversos crimes eram encaminhados para custódia, averiguações e prisão até a sentença judicial final. Não sendo uma instituição voltada a serviços de saúde mental, não foi raro encontrar entre seus residentes pessoas identificadas como alienadas, como mostra a documentação encontrada no Arquivo Público Estadual, documentação esta indireta e direta. Na busca de identificar discursos e práticas sobre a loucura naquela sociedade, identificamos nos ofícios destinados ao Chefe de Polícia relatos como os da detenta de Codinome Felicidade e dos detentos Joaquim Policarpo de Jesus Bandeira e Ângelo Custódio dos Santos. Embora recolhidos pela mesma condição, foram levados a caminhos diferentes de acordo com seus respectivos comportamentos, sujeitando-os a destinos separados: continuidade na prisão, como no caso da mulher, transferência para o Hospital de alienados ou soltura, pois se percebe no discurso da ordem, ausência de lugares adequados para alocá-los; não pertencendo, estes, a rua, a casa, a cadeia; tornando-os indigentes sociais e muitas vezes, postos a própria sorte na comunidade, voltando a condição recorrente de detentos. A casa de detenção apresenta-se como reflexo de discursos da sociedade recifense daquele período, demonstrada na sua disposição em forma de cruz (panoptismo) impondo olhares e controles sobre os indivíduos e corpos, funcionários e detentos, ordens e desordens, segregando do convívio citadino as corrupções da norma, remodelando não apenas os aspectos externos arquitetônicos da cidade, como internos da individualidade dos ditos alienados.

Biografia do Autor

Artur Gilberto Garcéa de Lacerda Rocha, Faculdade de Ciências Humanas - ESUDA

Professor da Faculdade de Ciências Humanas ESUDA e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Históriapela Universidade Federal de Pernambuco.

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Publicado

2015-12-29

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Seção

Artigos