Patologizando o abjeto: a transexualidade como categoria diagnóstica

Autores

  • Anna Paula Guimarães Bentes de Carvalho Universidade da Amazônia (PA)
  • Bárbara Araújo Sordi Universidade da Amazônia (PA)
  • Danielle Seabra Negrão da Silva
  • Izabela dos Santos Pinheiro
  • Luiz Felipe Maciel da Silva Universidade da Amazônia (PA)
  • Márcio Bruno Barra Valente Universidade da Amazônia (UNAMA)
  • Raynara Vieira de Souza Pinto
  • Taiane Vendramini Sales Universidade da Amazônia (PA)

Resumo

Este artigo tem um caráter introdutório acerca dos temas gênero e sexualidade, tendo como objetivo analisar a categorização das transsexualidades como transtorno psicopatotológico presentes nos Manuais Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), a partir da investigação dos conceitos de sexualidade e gênero. Metodologicamente, este trabalho constitui-se como uma pesquisa bibliográfica de cunho histórico, sendo proposta uma reflexão crítica e política acerca construção dos conceitos referidos, enfatizando, as relações entre poder, saber e governo dos corpos. Concluímos, conforme a problematização proposta, a patologização das transsexualidades presentes nos DSMs é inconclusa, sendo, em diferentes edições, embora definida como patologia, tal definição carece de comprovação clínica e/ou científica. Teorias diversas são utilizadas para apreender a transsexualidade patologicamente, mas nenhuma delas consegue fazê-lo precisamente. Essa situação chama a atenção quando analisamos o saber científico não como neutro nem apolitico, mas como uma ferramenta, por vezes, utilizada para legitimar processos de exclusão e inclusão perversos. Por exemplo, a cirurgia de transgenitalização somente é autorizada quando o trans ou travesti reconhece a si mesmo como um transtornado, recebendo, assim, a categoria de disforia de gênero. É pela inclusão na categoria de doente mental, ou seja, inclusão na exclusão, o sujeito ocupa um passa a acercar o direito ao tratamento de mudança de sexo, tendo que se submeter a diferentes mecanismos, por exemplo, a psicoterapia compulsória, através dos quais se reiteram a comprovação e legitimação do diagnóstico do transtorno.

Biografia do Autor

Márcio Bruno Barra Valente, Universidade da Amazônia (UNAMA)

Professor da Faculdade de Ciências Humanas (ESUDA). Mestre em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Pernambuco (2012), sendo bolsista pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE). Graduado em Psicologia pela Universidade da Amazônia (2009), onde foi bolsista do Programa de Iniciação Científica por dois anos consecutivos. Também é graduado em Ciências da Religião pela Universidade Estadual do Pará (2005). Integrou o Núcleo de Pesquisas em Gênero e Masculinidades - GEMA (cadastrado no CNPq desde 1998), no qual, participava de projetos que aliam ensino, pesquisa e extensão em temas relativos à gênero, feminismo, masculinidades, saúde, homens e masculinidades, paternidade, violência e diversidade sexual a partir do estudo das práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano, assim como das relações de poder e processos de subjetivação, integrando campos de saber interdisciplinares como Psicologia Social, Linguagem, Saúde Pública e Direitos Humanos. Atualmente desenvolve pesquisas sobre Não-violência, Espiritualidade e Política a partir de autores como Michel Foucault, Martin Buber, Gandhi, Martin Luther King, Giorgio Agambem. Ademais, atua na clínica psicológica (CRP-02/15194) a partir da Abordagem Centrada na Pessoa.

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Publicado

2016-11-28

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Seção

Artigos