Patologizando o abjeto: a transexualidade como categoria diagnóstica
Resumo
Este artigo tem um caráter introdutório acerca dos temas gênero e sexualidade, tendo como objetivo analisar a categorização das transsexualidades como transtorno psicopatotológico presentes nos Manuais Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), a partir da investigação dos conceitos de sexualidade e gênero. Metodologicamente, este trabalho constitui-se como uma pesquisa bibliográfica de cunho histórico, sendo proposta uma reflexão crítica e política acerca construção dos conceitos referidos, enfatizando, as relações entre poder, saber e governo dos corpos. Concluímos, conforme a problematização proposta, a patologização das transsexualidades presentes nos DSMs é inconclusa, sendo, em diferentes edições, embora definida como patologia, tal definição carece de comprovação clínica e/ou científica. Teorias diversas são utilizadas para apreender a transsexualidade patologicamente, mas nenhuma delas consegue fazê-lo precisamente. Essa situação chama a atenção quando analisamos o saber científico não como neutro nem apolitico, mas como uma ferramenta, por vezes, utilizada para legitimar processos de exclusão e inclusão perversos. Por exemplo, a cirurgia de transgenitalização somente é autorizada quando o trans ou travesti reconhece a si mesmo como um transtornado, recebendo, assim, a categoria de disforia de gênero. É pela inclusão na categoria de doente mental, ou seja, inclusão na exclusão, o sujeito ocupa um passa a acercar o direito ao tratamento de mudança de sexo, tendo que se submeter a diferentes mecanismos, por exemplo, a psicoterapia compulsória, através dos quais se reiteram a comprovação e legitimação do diagnóstico do transtorno.Downloads
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