Sistema de mentalização e neurônios-espelho: fundamentais para o desenvolvimento de programas de transição institucionais destinados à socialização de indivíduos com condições de espectro de autismo

Resumo

De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention Morbidity (2014), a taxa de prevalência do autismo em crianças é de 1/59. No decorrer de seu desenvolvimento, essas crianças podem apresentar desconforto na transição do ensino médio para o superior, que é uma fase que envolve mudanças sócio comportamentais e pode trazer desarmonia. Para as pessoas com autismo, essa transição pode ser mais difícil, uma vez que há fatores que envolvem desde o déficit de habilidades sociais a mudanças na rotina. Esse déficit pode estar relacionado às dificuldades de conexões neuroanatômicas, dificultando as ações provindas dos estados mentais dos outros, o que é essencial para as interações sociais adequadas (processo de mentalização, que envolve a área do córtex pré-frontal e a junção temporoparietal - JTP). No entanto, o processamento da ação humana requer maior conectividade para compreender as informações cinemáticas, as quais necessitam de um sistema de neurônios-espelho (representado pelo Giro Frontal Inferior - GFI), fundamentais para serem interpretados pelo sistema de mentalização. O objetivo do presente estudo é ressaltar que existem áreas neuroanatômicas comprometidas no reconhecimento das ações dos outros. Algumas pesquisas evidenciaram, em especial uma pesquisa recente (COLE et al, 2019), uma diferença na conectividade (GFI e JTP) em adultos com ASC – Condições do Espectro do Autismo, em inferir estados internos a partir de ações observadas de outras pessoas. O entendimento sobre a conectividade dessas áreas fomenta programas para a reabilitação social, podendo auxiliar a melhora dessa conectividade, refletindo no desenvolvimento para a autodefesa.