Entre a lesão e a pulsão: um prelúdio ao estudo das autoagressões na adolescência sob a perspectiva psicanalítica

Autores

  • Henrique Landim Santos Faculdade de Ciências Humanas ESUDA
  • Everson Sercundes de Lira Faculdade de Ciências Humanas ESUDA
  • Giselli Oliveira Cassimiro Correia Faculdade Franssinetti do Recife- FAFIRE
  • Pedro Paulo Viana Figueiredo Doutor em Psicologia Social (PUC/São Paulo/SP/Brasil), docente na Faculdade de Ciências Humanas ESUDA (Recife/PE/Brasil). Pesquisador do Programa de Iniciação Científica ESUDA sobre discursos de adolescentes do ensino médio de escolas públicas do Recife sobre automutilação.

Resumo

De acordo com a OMS (2002), as violências autoprovocadas são classificadas como agravos que interferem diretamente na qualidade de vida da população, possuindo características de ordem social, psicológica e cultural em sua construção. Entre 2014 e 2016 foram notificados 114.886 mil casos de violências autoprovocadas no Brasil, justificando a necessidade de estudos sobre a temática. O objetivo desta produção é a promoção da reflexão psicanalítica sobre as violências auto infligidas e seus fatores de risco correlacionados ao desenvolvimento psíquico do adolescente. O método utilizado foi o de levantamento bibliográfico de caráter qualitativo, resultando em 357 produções coletadas e 35 artigos analisados e que atenderam os critérios de seleção. Os comportamentos autoagressivos são considerados ações sem a intencionalidade suicida claramente definida, envolvendo práticas como automutilação (Cutting), ingestão de altas doses de psicofármacos, entre outros, onde sua prática pode ocorrer de maneira pontual ou continuada, possuindo razões de caráter complexo e multicausal. Neste sentido, pode-se afirmar que toda violência é considerada uma forma de comunicação, ou seja, todo ato agressivo seja contra si mesmo ou contra outrem, podendo representar uma expressão simbólica de ideias, costumes e crenças. Estipulada a relação entre o desenvolvimento sociopsíquico e a prática da autoagressão, tornou-se evidente a necessidade da criação de uma linha de cuidado e práticas voltadas para a assistência em saúde mental em espaços de socialização juvenil.

Biografia do Autor

Henrique Landim Santos, Faculdade de Ciências Humanas ESUDA

Bacharel em Relações Internacionais pela Estácio de Sá, Técnico da Divisão de Doenças e Agravos Não Transmissíveis pela Secretaria de Saúde do Recife, Preceptor do Programa de Residência em Vigilância em saúde (SESAU/PE) e Graduado em psicologia pela Faculdade de Ciências Humanas ESUDA; Pesquisador do Programa de Iniciação Científica ESUDA sobre discursos de adolescentes do ensino médio de escolas públicas do Recife sobre automutilação. E-mail: henrique.landim@gmail.com.

Everson Sercundes de Lira, Faculdade de Ciências Humanas ESUDA

Graduado em Psicologia pela Faculdade de Ciências Humanas-ESUDA; Pesquisador do Programa de Iniciação Científica ESUDA sobre discursos do discurso de adolescentes do ensino médio de escolas públicas do Recife sobre automutilação

Giselli Oliveira Cassimiro Correia, Faculdade Franssinetti do Recife- FAFIRE

Faculdade de Ciências Humanas ESUDA

Pedro Paulo Viana Figueiredo, Doutor em Psicologia Social (PUC/São Paulo/SP/Brasil), docente na Faculdade de Ciências Humanas ESUDA (Recife/PE/Brasil). Pesquisador do Programa de Iniciação Científica ESUDA sobre discursos de adolescentes do ensino médio de escolas públicas do Recife sobre automutilação.

Doutor em Psicologia Social (PUC/São Paulo/SP/Brasil), docente na Faculdade de Ciências Humanas ESUDA (Recife/PE/Brasil). Pesquisador do Programa de Iniciação Científica ESUDA sobre discursos de adolescentes do ensino médio de escolas públicas do Recife sobre automutilação.

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Publicado

2020-01-29

Edição

Seção

Artigos