Cinelândia: território de socialidade, movimentos políticos, sociais e culturais

Autores

  • Cibele Mariano Vaz de Macedo Universidade Ibirapuera
  • Regina Gloria Nunes Andrade Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Resumo

As cidades, ao redor do mundo possuem lugares de identificação. Lugares que sustentam a hipótese de que características convergem para que espaços se definam como territórios de socialidade e influenciem os processos de subjetivação. Escolhida como objeto deste artigo, a Cinelândia foi palco de momentos significativos na história sócio-política e cultural do Rio, e está sendo considerada justamente um destes territórios de socialidade. O território foi entendido como espaço geográfico, apropriado por meio de processos dinâmicos e mutáveis; espaço do vivido, agregando caracteres políticos e culturais. A socialidade, refere-se à propensão do sujeito de querer-viver social, a busca do outro pelo prazer de comunicar-se, estabelecendo vínculos sem finalidade. Então, propôs-se o conceito de território de socialidade: o território se torna laço; a circulação e a existência em torno dele permitem trocas de socialidade. Utilizou-se a narrativa como método visa o acesso aos sentimentos dos sujeitos e à experiência cotidiana. Um roteiro de entrevista semiestruturado foi utilizado para entrevistar 15 pessoas. A análise dos dados deu-se pela análise da enunciação, que concebe a comunicação como um processo e a narrativa como palavra em ato. Buscou-se a compreensão do significado da narrativa, conectada ao tema abordado e a sua própria produção. Destacam-se três entrevistas, representativas de movimentos sócio-políticos e culturais de resistência. Assim, a Cinelândia é tudo: lugar de passagem, de trabalho, de lazer, de abandono, de manifestação, plural, híbrida e em constante (re)construção e território de socialidade a partir relações de troca.

Biografia do Autor

Cibele Mariano Vaz de Macedo, Universidade Ibirapuera

Doutorado em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Pesquisadora Associada ao Núcleo de Relações Raciais: memória, identidade e imaginário da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professora do Programa de Pós-graduação em Psicologia/Psicossomática da Universidade Ibirapuera-SP

Regina Gloria Nunes Andrade, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutorado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora Titular do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

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Publicado

2017-07-30

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Artigos